quinta-feira, 22 de julho de 2010

Geração de pulhas

Estamos vivendo tempos estranhos, onde o que vale é bajular. Não é mais necessário ter conteúdo, formação, base. Não! O que importa é não fazer marola, não inventar, não criar problemas e puxar o saco daqueles que estão no poder. Na minha área, criação publicitária, não inventar, não arriscar e não aborrecer quem está no poder. Mesmo que vc tenha grandes ideias, grandes sacadas, trabalhos que podem mudar um pouco a visão do cliente, do consumidor. Enfim, a essência da propaganda como aprendi, onde o que chama a atenção é o inusitado, o diferente, o humor sutil e envolvente. Mas, nessa terra de pouca visão e pouca inovação, é querer demais...

domingo, 18 de julho de 2010

Geléia geral

Estou fazendo quinze dias numa agência, substituindo o redator de férias e descobri porque ela foi grande e hoje entregou metade do seu espaço por falta de clientes e pessoal, ou seja, porque está encolhendo. Peguei uma campanha para uma revenda de motos Honda. Para a ação, definimos o nome de Minhas Primeira Honda e contempla o jovem que acaba de tirar a carta para dirigir.É portanto para vender motos de baixa cilindrada a baixo custo. Desenvolvi um comercial para TV barato, com fotos de crianças de mão dadas, dando selinho, sendo levadas pela mãe à escola e finalmente fotos do jovem vibrando com a moto. Texto: primeiro beijpo, primeira namorada, primeiro dia de aula e primeira moto! O diretor de arte, velhinho como tudo na agência, condenou: eles não vão querer romantismo, eles querem é ver a moto e o preço no comercial! sentença fatal! fim da boa ideia. Imaginou se isso tivesse acontecido com o Olivetto e o primeiro sutiã da Valisere? Fim de uma ideia que vinga há mais de trinta anos como o comercial do século, e que alavancou Washington e a W?
Segundo exemplo: me pediram uma campanha de spots para uma entidade de segurança de trânsito e que representa o mercado de peças de reposição com qualidade. Lembrei da Rádio Camanducaia, uma criação absolutamente inesquecível e vitoriosa de Odair Batista, consagrado locutor e criativo do rádio, que fez da JP sucesso absoluto de crítica e de audiência nos anos 70. Bom, criei spots baseados nela, sendo um como locutor "vendendo" a oficina do amigo. Diz o domo da agência, um veterano que não perdeu o ego inflado e que não consegue reconhecer o mérito do Odair, nem a minha proposta como boa: ah, não pode dar nome à oficina. É perigoso, pode criar saia justa! Saia justa com quem? Afinal, temos oficinas do Chicão ou do Zé, por todo esse Brasil. Outra: spot cpm cartas de ouvintes, e eu batizei a ouvinte de Flor do Campo. Cara Flor do Campo, pra dar uma graça. Não, não pode, fica muito "sei lá". E assim foi, até o fim , ele foi tirando a graça de cada spot, transformando tudo em uma geléia geral, sem gosto e sem graça. Por medo de ousar, medo de sugerir, medo de perder o cliente, medo de valorizar o que grandes criativos tiveram a coragem de criar ede botar no ar, detonando a ideia aproveitar, modernizar e valorizar uma campanha baseada num dos maiores sucessos do rádio em quase quarenta anos. Talvez porque a ideia inicial ou a de aproveitamento não tenho sido dele, sei lá.
Sabemos agora porque a agência está encolhendo e deverá sumir...porque seu gênio está velho, tem medo de ousar. Não tem coragem de levar novidades aos clientes, se autopolicia e não consegue encantar. Os clientes aprovam por falta de ousadia e inovação, e porque nunca receber nada novo em matéria de comunicação. E é por isso que a propaganda e a criatividade brasileira andam pra trás. E é por isso que, a cada dia que passa me desanimo mais e mais de continuar nessa profissão. Estamos na época da geléia geral, seja na propaganda, seja na cultura, no esporte, na educação, na política, etc. e tal.

domingo, 11 de julho de 2010

Uma correção se faz necessária...

Ao terminar a penúltima postagem, coloquei como verdade uma opinião minha, e queria retificar. Disse que era triste estar só, quando meu grande amigo Franco disse estar bem e feliz, com a atual esposa e filha. OK, foi mal e fui mal. Quem está triste e deprimido sou eu, e os amigos mais chegados sabem o porquê. E não meu amigo Franco, que me desculpe. Vc me pareceu bem e bastante tranquilo. Eu é que não ando assim. Meu, pai, nos seus últimos momentos, me dizia ser feliz só, com seus livros. E que não fazia mais questão de estar com muitas pessoas. Era assim que ele se sentia feliz, com seus livros e suas recordações. Existem pessoas assim, felizes em suas solidões. E eu descobri que não é esse o meu caso e que, quando o ameu grande amigo disse viver em um flat, e estar bem assim, me senti péssimo, pois estou isolado, e não me sinto feliz assim. É um momento meio nebuloso para mim e talvez por isso tenha procurado cavocar o meu passado. Teria sido uma boa ideia? É o que venho me perguntando desde esse final de semana..Por favor, não me levem a mal, por tirar essas conclusões e fazer delas verdades, só isso. Abraços

Sábado foi o dia de encontrar de novo o meu passado.

Fui para Francisco Morato, onde mora o Ruizinho. Pra vcs, Ruizinho é o filho do Rui Amaral, o dono das Cestas de Natal Amaral, verdadeiro cult em matéria de consumo e recall dos anos cinquenta. As cestas, invenção de um cara chamado Onofre Duarte do Páteo, dono da Feira do Lar, cuja ideia foi levada a Rui por papai, transformou-se no grande sucesso de vendas que persiste na memória de muitos até os dias de hoje, sessenta anos depois! Muitos lembram do Gigante Amaral e do comercial na praia, cujo intérprete foi o amigo aqui. Ruizinho, na época, foi meu colega de brincadeiras, em São Paulo e em Campos do Jordão, e fomos colegas de bricadeiras durante alguns anos, talvez uns dois ou três, e queria revê-lo, como fiz. Ele mora com o irmão, Paulo Henrique, em dois ou três lotes grandes de terra, com casas amplas, térreas e repletas de cães enormes (uns doze ou mais). É longe chegar lá, mas valeu a pena. Com lembranças mútuas e ao som dos sucessos do rock dos anos sessenta, saboreamos um macarraõzinho preparado pelo Rui, junto com um vinho tinto bem legal. E voltamos gostosamente ao passado. Lembrei do engenheiro que construiu a casa de Campos, que tinha uma mesa vazada por uma árvore enorme. Lembramos do seu Manolo, o mordomo espanhol solícito, Maria, a irmã dos amarais e sua mãe, dpona Arinda. E muito, muito mais...Valeu Ruizinho! valeu Paulo Henrique. Recordar é viver.

E foi um fim de semana de lembranças...

Neste final de semana de 8 e 9 de julho, estive com dois ex-colegas de infância e juventude. O primeiro foi na sexta, quando encontrei Franco Clemente Pinto, meu amigo íntimo de infância e juventde, amizade essa que começou no prímário do Dante Alighieri e foi até o final do curso ginasial (uns dez anos, mais ou menos). Eu vivia no seu apartamento, enorme, na rampa do túnel, onde passávamos dias jogando bola...Da época, minhas lembranças são do carinho com que eu era recebido, dos sonhos sobre o futuro, dos familiares dele, como o Seu Franco, que vivia para a família, a fábrica (a Indujuta no Ipiranga), o Jóquei Clube e o uísque, preferência que o filho herdou). Lembro também da Fia (já falecida) e a Miminha, o Tati e a Dona Alice. foram anos de amizade, quando privamos sonhos e desejos, além de muito futebol na quadrinha do apartamento, que acessávamos pela sacada da cozinha. Os primeiros passeios sós pela cidade, idas ao cinema e ao futebol, e à lanchonete Frevo, na Augusta lá no alto, e depois o Hi-Fi e a Eletroarte na Augusta, lá em baixo. Os modelos da Aurora, as tardes regadas a mistos quentes da padaria, e tantas outras coisas de moleques que já não voltam mais. O Franco hoje está com 61, um ano menos do que eu, a cara do pai, o saudoso seu Franco, e o mesmo hábito do pai, o litro de uísque ao lado, que ele sorveu metade e três horas de papo. Nos reencontramos perto da João Cachoeira, num bar chamado São Bento e voltamos quarenta anos em nossas vidas, com muita saudades. Ele casou, separou, teve uma filha, hoje com 21 anos, se não me engano e hoje vive sozinho, num flat. É triste, como tem sido triste a minha vida, há já dois anos...Bom, talvez não tenha sido uma boa ideia essa volta forçada ao passado...