quarta-feira, 29 de julho de 2009

"Continuando o caso misterioso..."

Naquela tarde de novembro de 79, quando deitei com minha filha no peito para relaxar, depois de doze dias sem dormir, logo ouviram-se 3 tiros na vila em que morava. Levantei, a contragosto e abri a janelinha da porta de entrada. Os vizinhos, alvoroçados, falavam alto e gesticulavam...Fui até eles e vi um homem no meio-fio, baleado. Perguntei quem era e me disseram ser o empreiteiro que estava construindo os sobrados de frente. Era uma vila estilo americano e eu tinha como vizinhos o Mussum (falecido) e Franco, pai dos KLBs...Então falei, temos que levá-lo ao hospital. Ninguém se mexeu, nem esboçou reação. "Já chamamos a ambulância, disseram". Era pouco, e demorado. Perguntei quem me ajudaria a colocá-lo no carro e levá-lo para o hospital. Um rapaz que visitava um vizinho, evangélico, se dispos a judar. Levantamos o senhor com cuidado e colocamos no banco de trás do meu carrão. Na época, um Maverick quatro portas, e saí em desabalada carreira rumo ao Pronto Socorro de Santo Amaro, pois morava na Avenida Interlagos. Perda de tempo, no meio do caminho desenfreado, com luzes acesas, na contra-mão e mão na buzina, o rapaz me disse: ele se foi...Chegamos, o sujeito foi levado para a UTI, apenas para constatar a morte. Seu nome, senhor Negrão. o motivo: vingança de um peão de obras mal pago. Bom, essa história eu tenho registrada em cassete do Programa do Gil Gomes, da Rádio Record, que meu pai conseguiu com o próprio. E finalmente, ao ser chamado no Deic para depor, o delegado do caso perguntou seu eu não queria ajudar a desvendar o caso! Como seu eu fosse policial, ou coisa assim! Coisas da polícia "científica" do nosso Brasil. Abraço do Waldemar.

terça-feira, 28 de julho de 2009

"Sobre como passei doze dias sem dormir..."

O período, setembro de 1979. Nesse mês, o Britto resolveu realizar dois eventos. O primeiro, a Feira do Nordeste e, em seguida, o Congresso e Feira de Desconcentração. A coisa começava lá pelo dia 5 e terminava dia 17 ou 18, se não me falha a memória. E, como de praxe, eu tinha que gerenciar a equipe de vendas (seis, sete vendedores na rua), criar e redigir as peças todas, dos dois congressos, mapear a feira, cuidar de todos os detalhes e estar presente antes, durante e depois do evento, gerenciando, coordenando, recebendo os expositores, fazendo os trabalhos de palco, apresentando as atrações, premiando, gerenciando problemas, etc. e tal. Isso, do início da manhã até a hora que desse. Então, eu ficava no Palácio das Convenções do Anhembi durante todo o dia e toda a noite, saía às quatro, cinco da manhã, pegava a 23 de maio vazia na madruga, chegava em casa, caía na banheira, tomava um café da manhã, trocava de roupa e voltava pro Anhembi. Foi assim durante doze dias, direto, sem dormir. No dia que terminou, cheguei em casa e pus minha filha no meu colo, no sofá, pois estava tão cansado que não conseguia dormir e aí, três estampidos! Tiros na rua e olha eu correndo de novo...mas essa história, dramática, eu conto na próxima crônica. Até...

domingo, 26 de julho de 2009

Minha vida com o Britto

Nas próximas crônicas, meus quase sete anos de Lemos Britto e as muitas histórias desse período...Espero que gostem, eu gostei, afinal, foi uma grande parte da minha vida profissional acontecendo no Bexiga, na Bela Vista, pra quem não é de Sampa...Bom domingo!

No domingo fechado, como conheci o Britto

À procura de emprego, recém-casada, respondi anúncio que pedia Redator com capacidade de planejar. Lá fui eu, runo ao Bexiga, especificamente para a Treze de Maio, que era onde ficava a Lemos Britto Empreendimentos, que era como se chamava a empresa. E seu titular. Feita a entrevista, fui encarregado de fazer um teste escrito. E fiz em meio ao tumulto de reformas na empresa (depois fiquei sabendo que o Britto não parava nunca de reformar. Segundo as fofocas, ele pensava que se parasse de reformar, os negócios parariam junto! Britto e suas crenças...).Bom, feita a entrevista com ele e, feito o texto para sua avaliação. E olha que eu sempre fui bem rápido para escrever e devo ter levado, no máximo, meia hora, procurei pela secretária dele (minha amiga Ivone) e fiquei sabendo que o homem já tinha voado para Brasília! E tudo em meia-hora! me mandei, é claro, apavorado com a loucura! No dia seguinte, chega uma caravan em casa (pois ainda não tinha telefone em casa, nem celular, pois estávamos em 1978, com o motorista trazendo uma carta do Britto, pedindo que eu voltasse, pois estava empregado! Bom, aí pedi um dinheirão pra ficar (já prevendo as futuras loucuras que iriam acontecer durante a minha permanência na Lemos Britto0, e ele topou. No fim, foram mais de sies anos de loucuras, muito trabalho, noites em claro no Anhembi e, convenhamos, muitas alegrias pessoais e profissionais...

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Dia de chuva, ninguém merece...

Hoje vai ser o dia mais frio do ano, segundo os meteorologistas. Estou no escritório, enorme, frio, quase vazio. Dia de chuva, cinza, gris. Em dia como estes, a gente deveria hibernar, ficar nas cobertas, pensando em como a vida é curta e sem graça, às vezes. Como num dia como hoje, triste, frio, chuvoso e cinza...Esse texto é uma homenagem ao Pedro e a quem interessar possa.
Waldemar, com jeito de final de linha, sei lá.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

"Gente, vou postar mais devagar..".

...porque estou de emprego novo! É, estou na Infinità, agência da Heloísa aqui na Martins Fontes, no centrão, aliás, perto do meu antigo emprego, que eu prefiro não mencionar...Bom, o negócio é o seguinte. Vou levantar a bola e quem quiser, que chute. É sobre o rodízio de veículos. A gente vive numa sociedade de consumo, não é mesmo? Ela é consumista, liberal, democrática (até onde eu sei) e de obsolescência planejada (mesu alunos sabem o que isso quer dizer), então a gente vive pra consumir, comprar, trocar, seja geladeira, fogão, TV e carros, não é mesmo? quem não quer um zerinho? E quem não quer usar o que compra? Já imaginou você não poder usar sua geladeira aos sábados? Ou seu som às segundas? Pois é isso que eles (os "home") fazem, te proíbem de usar um bem de consumo que vc comprou para usar todos os dias, como uma geladeira ou um som. Deu? É mole? Dá pra aguentar? E isso só acontece aqui e nos chicanos , os mexicanos. Dá be uma ideia da coisa subdesenvolvida. Aí, os mais afoitos, e mais ecológicos, vão dizer, é pro bem do ar. para reduzir a poluição. Isso, pra mim, é problema das autoridades, não meu. E se não tem condução digna pra todos, também é problema dos sarneys, dos serras, dos cassabs, etc. e tal. Se eles roubassem menos, talvez tivéssemos dinheiro para fazer um transporte melhor, que cobrisse a cidade de São Paulo toda e não precisaríamos copiar os chicanos, não é? Bom, quem quiser, que se manifeste....Abraços do Wawá

terça-feira, 21 de julho de 2009

"A primeira vez a gente nunca esquece!"

Talvez motivado pela venda de dois dos nossos craques, volto ao ano de 1958.
Foi uma semana de indiretas, diretas, pedidos emocionados e chorosos. O ano: 1958. O jogo, Flamengo e Corinthians pelo RioxSão Paulo daquele ano. Na época, não existia campeonato brasileiro e, depois dos campeonatos regionais, só o Rio-São Paulo. O estádio: o Pacaembu dos grandes clássicos, numa quarta-feira à noite.
Papai não queria me levar, alegava compromissos. Mas, na hora do almoço, a notícia tão esperada: prepare-se porque nesta noite você vai conhecer o Pacaembu! Foram horas de expectativa, onde o relógio não andava para chegar às nove da noite, que era o horário dos jogos noturnos daquela época, sem a Globo e suas novelas. Jantar antecipado, engolido às pressas e saímos de casa a bordo do Studebaker gelo de papai, subindo a avenida Rebouças, Angélica e Praça Buenos Aires, onde papai parou o carro para abastecer, e finalmente ele: iluminado, majestoso, encantado, aos olhos de um moleque de dez anos! O Pacaebu pareceu monumental, para os olhos de um garoto, cadeiras verdes e numeradas e depois de sessenta minutos de bola rolando, bola branquinha, o placar da hoje desaparecida concha acústica estampava, com seus números brancos em fundo preto, colocados manualmente: Corinthians 3 x Flamengo 0. Um Corinthians mágico, de Gilmar, Roberto, Cláudio e principalmente Luizinho, o Luís Trujillo, o "pequeno polegar", que lá pelos trinta e poucos do segundo tempo, resolveu, como fazia habitualmente, sentar na bola para humilhar os cariocas. Pra que! Um flamengista mais afoito, talvez o Pavão, um zagueirão das "antigas" foi lá, e levantou jogador, bola e um naco de grama junto! E foi aí que o tempo fechou. Os vinte e dois jogadores partiram para a briga, sob o incentivo da fiel. Fim de jogo, todos os vinte e dois expulsos de campo. Na saída, a torcida feliz, comentando o inusitado dos acontecimentos e as palavras de papai, que nunca mais saíram da minnha memória: a noite foi completa, hein! Três a zero pro seu Corinthians, com show do Luizinho e todos os jogadores expulsos. Nada mau para um primeiro jogo no campo, não é?
Papai tinha razão. Meu primeiro jogo sentado nos aconchegantes bancos de madeira verde escuro do Pacaembu tinha sido, e será, para sempre, inesquecível!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Hoje é o nsso dia!

Meu abraço e meu beijo carinhoso pro Moisés, o Carlos Eduardo, o Flávio, o Vicente, o Law, o Fábio, o Pedro Luís, Bráulio, Hans, Hilário, o Rafael, o Nelson, o Waldir negão, o Fares, o Kid, o Faustão, e muitos outros que no momento não me ocorre, mas que estendo beijos e abraços. Afinal vocês são muito importante pra gente continuar a batalha, valeu!

Relendo meus blogs, surgiu uma dúvida...

Nas minhas primeiras crônicas, tive um comentário elogioso e uma crítica, sobre minha preferência esportiva-futebolística, talvez até gorducha e artilheira (ser corinthiano). E o amigo foi o casario48. Pergunta: quem és tu, casario, que se escondes sob um romântico pseudônimo?

domingo, 19 de julho de 2009

"Aqui, a história do meu cursinho"

Na década de sessenta, mais precisamente em 1968, em pleno ano da efervescência política no Brasil e no mundo, entrei na universidade, no caso em duas, a USP e a FAAP. Acabei desistindo da USP, em função da pressão que existia contra os sociólogos. E eu estava em Sociologia. Na noite que desisti, o exército entrou no campus (nos galpões) e prendeu todo mundo. Fiquei na FAAP, que era mais tranquila e eu adorava propaganda, e logo fiquei amigo do Ronaldo (quem não sabe, Ronaldo Luís Alvarenga, professor de artes e inventor), que já era presidente do Centro Acadêmico, e já no meu primeiro ano de facu, era secretário do Centro. Em pouco tempo, estruturamos o Centro e montamos o cursinho dentro da escola. No segundo ano, já não havia espaço para acomodarmos todos os alunos e o diretor da faculdade de artes, Prof. D'Amore, nos incentivou a montar um cursinho fora do espaço da faculdade. Afinal, era moda e vinha dando certo, vide Cursinho da GV, o do Di Gênio, o Anglo, etc. Alugamos uma casa perto da Consolação e criamos o Prearte. Sucesso! Grandes professores, nossos amigos, gente da USP, da FEI, de grandes universidades: Rodolfo, da Geografia da USP, o Marcos, primo do Ronaldo e futuro engenheiro, o Hilário, hoje doutor pela USP, o Eddy, grande design, eu, e muito mais gente. Só um, o Sandro, contratado para lecionar Geografia, que não era sua praia, acabou sendo dispensado. Explicando: a cada 45 dias eu fazia uma avaliação e os mestres que não atingiam 50% de aprovação, eram dispensados. Foi esse cara que fez a cabeça do D'Amore para reeinstalar o cursinho dentro da FAAP, o que acabou destruindo o nosso cursinho. Lutamos, contratamos até viaturas com equipamento de som, anunciamos na revista Bondinho, sucesso editorial da época, mas nada funcionou e o Prearte durou apenas um ano de felicidade e sucesso. Alguns esclarecimentos sobre o Prearte: os sócios eram eu, o Ronaldo, o Luís Carlos Tártari (maravilhosa figura humana, que infelizmente nos deixou) e o Marcos Aurélio Iglécio, primo do Ronaldo e que faleceu em um dramático acidente de moto, no dia do seu aniversário). E mais: durante o ano que funcionou, o Prearte foi um sucesso inigualável, ocupando as calçadas da Rua Pedro Taques, pequena travessa da Consolação, com seus alunos jovens e duas carteiras. Nesse período, tivemos como aluno um hoje grande amigo meu, o diretor de arte Roberto Kanji. Êta mundo pequeno, sô!

"Gente, vamos participar, comentar, criticar. O blog foi feito pra isso!"

"E como eu quase me tornei um Galvão Bueno"

O ano, 1974. Ano do meu casamento e eu passava pela avenida Paulista, em frente ao prédio da Gazeta. Uma faixa apregoava aos quatro ventos: Hoje, teste para novos talentos na Equipe de Esportes da Rádio Gazeta". É bom contar que, na época, a Rádio Gazeta tinha a melhor equipe esportiva da cidade, comandada por Milton Peruzzi (que Deus o tenha) e mais: José Italiano, Roberto Petri, o Maciel, o GB (Geraldo Blota, também falecido), o Peirão de Castro, nossa, uma infinidade de talentos. Entrei, e logo fui reconhecido como filho do Ciglioni pelo Petri, que me acolheu mito bem. Foi um dia inteiro de testes, até as oito da noite. Foram exatos oito testes antes do teste final, com a avaliação do "poderoso chefão", Peruzzi. Um desgaste e uma tensão terríveis. Lá pelas tantas, deveríamos esperar pelo Peruzzi, que acompanharia os testes finais dos nove que restaram, para as funções de repórter (para a qual estava me candidatanto), para locutor e comentarista. Resolvi descer e tomar um lanche. Na volta, com hora marcada, nada do elevador chegar e eu, ansioso, resolvi subir pelas escadas que estavama fechadas com tábuas de madeira. Ao meu lado, um rapaz da minha idade (faixa dos vinte e poucos), que se animou a subir daquela maneira irregular comigo. Ele me disse ter chegado recentemente do Rio, estar recém-casado e desempregado. Subimos, e o Peruzzi me recusou. Afinal, eu estava cansado e dei uma gagejada. Ou então o homem não simpatizava com o "velho". Foi o que me disseram, sei lá.
Sabe quem era o jovem carioca que ficou na equipe? O Galvão Bueno. Em tempo, outro recusado foi o Flávio Prado, que continuo persistindo e acabou vingando. Eu? Eu fui pra propaganda e lá fiquei...

"Como o Nuno Leal Maia entrou na "roda"

Vou contar aqui como o Nuno se "soltou" na sua relação com o público. E acho que tenho um pouco a ver com isso. Passei quase um ano sem tê-lo visto. Vou explicar: fazia cursinho para prestar vestibulares, no Capi, que ficava na Av. São João, por incrível que possa parecer. O ano? 1967, 68. Era da turma de Humanas da manhã e ele da Humanas da noite e periodicamente o cursinho fazia simulados. Eu era o melhor aluno da manhã, e geralmente tirava 9, 9,7, 9,8 de média nos simulados. E ele, o melhor da noite, com notas semelhantes. Isso virou uma "guerra", e durante todo esse período jamais nos vimos ou conhecemos. Depois, entrei na USP, em Sociologia, e ia com o fusquinha de mamãe à noite, para lá. Certa noite, dei carona a um grupo de estudantes que esperava o ônibus que teimava em não passar, e entre eles, estava o Nuno! Finalmente nos conhecemos. O tempo passou, abri o Prearte Vestibulares, num sobradão da Consolação (na Rua Pedro Taques), preparatórioàs faculdades de arte (cuja história contarei em outra crônica) e estava em sala de aula, com mais de trinta lindas adolescentes, quando vejo o Nuno de mochila passar (ele morava na Bela Cintra). Nessa época, parece, ele estava fazendo a peça Hair, sucesso na década de sessenta e setenta. Saí correndo e chamei o cara, perguntando: quer dar aula? Pois sabia de sua capacidade, ele estava cursando Artes Cênicas e História na USP. Ele disse que sim e eu empurrei o cara pra dentro da sala, trancando a porta. Antes, falei pras meninas, vocês vão ter aula com um cara sensacional , que sabe tudo da matéria! Foi assim que o Nuno se soltou, se duvidam, podem perguntar pra ele...

"Como o Nuno entrou na "roda"

sábado, 18 de julho de 2009

"Ainda o Cortou, Achou, Ganhou da Pullman"

Sobre a promoção, que foi sucesso absoluto em 1977, havia uma "quebra!" de 5% do produto, porque a criançada amassava pães e bolos para saber se tinham o malfadado vale-brinde dentro.
Coisa pequena, em função dos 45% de incremento, mas o seu Manoel, dono da empresa, queria diminiur esse índice. Bolei um comercial com o Armando Marques (pra quem é mais velho, era o principal árbitro de futebol da época e tinha alguns, vamos dizer, trejeitos. Bom, lá fui eu pra Copacabana (de novo, o Rio), para que ele fizesse um comercial dando cartão vermelho pra garotada que amassasse os produtos Pullman (a Fifa tinha acabado de criar os cartões). Visitei a figura em seu apartamento e fechamos o contrato. No dia agendado, fui buscá-lo em Congonhas e levá-lo à Diana Cinematográfica, que é onde se produziam os comerciais da Pullman. Tudo correu bem e o comercial acabou com as quebras do produto. Ainda tenho um fotograma desse comercial e em Congonhas, no dia em que fui buscar o Armandinho, encontrei o Nuno Leal Maia, que chegava do Rio e tinha sido meu colega e amigo nos tempos da USP. Pra quem não sabe, fui eu quem empurrou o Nuno pra fora da timidez, colocando-o em uma sala de aula do meu cursinho, frente a mais de trinta lindas meninas adolescentes, que cursavam os preparatórios às faculdades de arte no Prearte Vestibulares, mas essa é uma história que fica para uma próxima crônica). Em tempo: o Nuno foi meu colega de cursinho (Capi Vestibulares) e é formado em Artes Cênicas e História pela USP. Eu? Eu comecei Sociologia mas larguei em função de certos atritos com o governo (ano de 1968, anos de chumbo, comprendem?). Mas me formei e me pós-graduei, afinal, não sou pouca porcaria...

"O Rio de Janeiro na minha vida"

Lembram do "Cortou, Achou, Ganhou" da Pullman? Isso foi em 1976,77. Pois bem, em agência pequena como era a Dois Pontos de antigamente, inventou, tinha que resolver. E eu fui atrás dos prêmios dos cupons. Bolas Drible (que o dono, um inglês da Vila Maria entregava cheias!, com isso eu tinha que ir buscá-las de kombi e voltar espremido na direção com aquelas centenas de bolas dentro da perua, uma zorra!), agasalhos Penalty, aqueles com duas listinhas laterais, produtos da Arno e...Mavericks! Aqueles tipo Sedan (saia e blusa), top de linha da Sandrecar em São Paulo e da Sedan, no Rio, lá de Benfica, que eu fui atrás feito um louco e achei, depois de muita luta. Bom, mas o que eu queria contar era que toda sexta-feira eu embarcava em Congonhas e desabava na Urca, no Rio, para entregar os prêmios no programa do falecido Capitão Asa, um maluco que tinha mania de ser super-herói e tinha um programa infantil na antiga TV Tupi da Urca. Ao chegar, já era um pega, pois a TV andava quase falindo e os funcionários faziam fila pra pedir "caixinha". Eu fazia a distribuição e terminado o trampo, rumo ao Santos Dumont, para voltar na noite de sexta, pela Ponte Aérea. Mas teve uma sexta que embarquei às seis da tarde, com aquele pôr-do-sol maravilhoso na Urca e deveria desembarcar em sampa às quinze pras sete. Lá pelas oito da noite, o piloto convidou todo mundo a visitar a cabine, em grupos de dois e três passageiros e eu percebi que a coisa tinha complicado. Sabe quantos aviões esperavam em Congonhas pra descer? Quinze! E toca dar voltas pela Baixada Santista, parecendo um carrosel. Só baixamos às nove da noite! foram três horas e pouco de gira-gira e quando desci em solo paulista, faltou beijar o chão como o papa...

"E agora vou falar das Bicicletas Monark e da "marvada"

É gente. Pra quem começou agora em propaganda e tem todos aqueles programas de computador, é mole! Mas nos anos cinquenta, os ilustradores trabalhavam com pincéis e guache, eram verdadeiros artistas e pintores renascentistas. E não é que uma daquelas campanhas da linha de bicicletas tinha que ser layautadas em pranchas, todas com bicicletas em paisagens, com lindas meninas pedalando. Eram vinte, trinta pranchas, sei lá. E papai incumbiu um excelente ilustrador para fazê-las. O cara trabalhou dia e noite, durante dias, e terminou o trabalho com aquela última e artística pincelada. Voilá! E foi dormir, pois no dia seguinte, lá pelas sete horas, papai passaria em sua casa para pegar as pranchas e levá-las ao cliente, para aprovação final. Mas, para aguentar o tranco, o ilustrador dava piceladas e tragos em garrafas de conhaque estrategicamente localizadas junto à pracha de desenho (que era o que se usava na época), durante duas semanas. Embebedou-se, é claro. E caiu no sono dos justos, depois do dever cumprido. Lá pelas tantas da madruga, vítima da "marvada", acordou e viu tudo "aquilo" espalhado pelo estúdio (as trinta e tantas prachas prontas) e pronto! rasgou uma a uma dizendo: mas que bagunça, vou dar um jeito nisso! E voltou a capotar, não, dormir. Sete da manhã, a buzina do Studebaker de papai tocando, nosso amigo acorda e, surpresa! Tudo ragado e picado,o trabalho de duas semanas completamente destruído. Foi uma dificuldade evitar que o nosso artista não se suicidasse naquele mesmo momento...

"Se vc puder, me ajude!"

Atenção, fiéis (tem acento?), seguidores. Estive há meses no gabinete do vereador Agnaldo Timóteo, o cantor, pois é o único vereador/artista de sampa, para tentar dar a uma rua da cidade
o nome de papai. Falei com sua assessoria e com ele e nada. Depois, mandei e-mail para o tal de Arselino Tato, que foi presidente da câmera e nada. E porquê dessa reinvindicação? Porque papai nasceu próximo da avenida Paulista, jogou no São Paulo F.C., trabalhou por décadas na Rádio São Paulo e recebeu da câmara municipal o título de cidadão paulistano, através da indicação do vereador Brasil Vita, seu fã, além de ter sido talvez o maior radiator de São Paulo, tendo recebido pelo menos 5 troféus Roquette Pinto, o maior prêmio do rádio e da TV paulistas. Ele sempre dizia que São Paulo, a cidade, estava no seu sangue. Foi convidado a mudar-se para o Rio e jogar no Fluminense, foi pra lá, ficou o tempo suficiente pra fazer um herdeiro(a), "dizem as más línguas" e voltou correndo para os braços desta sampa hoje poluída. Se vc souber de alguma maneira de conseguir isso, porque o nosso querido edil Agnaldo nada fez, eu, o Junior, agradeço!

"A Maci Propaganda e seus clientes"

Hoje, sábado, quero contar um pouco sobre a Maci Propaganda, que foi a agência de propaganda criada por papai para atender seus clientes na Rádio São Paulo e que acabou sendo uma das grandes agências de propaganda dos anos cinquenta e sessenta de sampa e do país. Maci era a abreviatura dos nomes Ciglioni e Maués, daí o MACI. Bom, entre os grandes clientes da agência estava a Cinzano, indústria de bebidas, com a sua Vodks Smirnoff. Para ela, a agência chamou Juca Chaves, que despontava, para lançar o produto, e criou o tema/personagem, Memestrel Maldito, criando inclusive aquele perfil contra a lua e vestido de menestrel medieval, que ele usou durante toda a sua longa carreira. Sobre o Juca, é interessante dizer que ele esteve várias vezes na minha casa, para tratar assuntos com papai e andou "arrastando a asa" (paquerando) minha irmã, Hidely, cuja história contarei em uma outra ocasião...Outro cliente foi a Lojas Zogbi, de tecidos, para a qual a agência contratou um desenhista/figurinista para trabalhar na matriz e desenhar, na hora, modelos para as suas clientes de tecidos. E o escolhido foi um garoto novo, recém-chegado a São Paulo. Seu nome: Clodovil, o nosso saudoso Clodovil Hernandes, que na época tinha lá os seus dezoito anos e muito vontade de brilhar...Mais uma história. Outro cliente da agência era a Bicicletas Monark, para quem a agência criou uma campanha para um novo produto feminino, a bicicleta "Garota de Ipanema", estrelada pela própria garota, que pedalava com vontade. Sobre a Monark tem um história ótima, mas essa eu conto numa próxima crônica...Forte abraço a todos e Hans, entre como meu seguidor, pô!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

"Uma história estranha"

Esta eu vou contar, mas não me peçam detalhes, pois não lembro. Mas que é estanha, é.
Estava na agência de papai, a Maci Propaganda, que vou detalhar em outra crônica, mais longa e mais detalhada, sobre as contas atendidas e os grandes lançamentos que a agência fez, na década de cinquenta. Uma vocês já sabem, é a das Cestas de Natal Amaral, de Ruy Amaral, que chegou até a ser deputado federal. E do Gigante Amaral. Outras, virão com o tempo. Mas a história que eu quero contar é outra. E aconteceu na 7 de Abril, rua do centro onde ficava a agência, quando lá chegou um gringo, argentino, se não me engano. Ele trazia um pacote com algo que queria mostrar a papai e seu sócio, Rodolfo Maués e ainda ao primo de papai, José Ciglioni, que não sei que fim levou. Bom, esse argentino mostrou o produto e quis vender sua licença, ou patente, sei lá, dizendo ser um produto novo, desenvolvido na Europa e que provinha do lixo. Os sócios desdenharam daquilo e até fizeram um teste com o produto no banheiro, colocando fogo nele, que rapidamente queimou e sumiu. Todos foram unânimes: "aquilo" não servia para nada! E dispensaram o sujeito. E nada pagariam pela novidade. Sabe você o que era? O que foi dispensado por papai e seus sócios? o Isopor! É esse produto que acabou se transformando em coqueluche e enriquecendo muita gente, dentro e fora do país...

"Os desdobramentos do comercial do Gigante Amaral"

Contei pra vocês a história do comercial do Gigante, filmado em Santos. Agora, seus desdobramentos. Depois de alguns dias, filmamos o segundo comercial. Nesse, usou-se o quintal de uma casa vizinha à nossa, na antiga rua Iguatemi, hoje Faria Lima, em Pinheiros. Nele, eu e Lurdinha Félix, artista mirim emprestada por sua mãe e empresária, corríamos pela entrada do carro rumo ao portão, para receber o entregador da cesta, com alegria e sorrisos encantados. Eu e ela tínhamos em torno de oito, nove anos e, é claro, pintou da minha parte aquele amor pré-adolescente. Ela? Nem aí, preocupada apenas em administrar sua carreira de estrela infantil que, no final, não decolou...
"Como os atores de antigamente sofriam"
Ainda sobre a campanha do gigante, numa determinada tarde, eu deveria participar de uma gravação sobre o produto, que aliás acabou nem rolando. Algo que envolvia o Sítio do Pica-Pau Amarelo, não lembro bem, pois estava junto a Lúcia Lambertini, a primeira Emília, da primeira série das histórias fabulosas de Monteiro Lobato, produzida pela antiga TV Tupi, sob o comando de Júlio Gouvêia, um grande intelectual e produtor de TV.
Mamãe me vestiu com uma camisa supercolorida (exigência da produção de TV, que afirmava que fotograva melhor), e lá fomos nós. A gravação não era em nenhuma emissora e sim num estúdio particular e devia ser no inverno, porque o frio era de rachar naquele estúdio devassado e rústico. A Lúcia tinha levado seu crochê para pacientemente aguardar a gravação (afinal, ela tinha bastante experiência em matéria de demora de gravações na época). Ela, o José Serber (o nosso gigante Amaral), mamãe e todos os figurantes reclamavam do frio e da demora, pois a gravação só rolou umas quatro ou cinco horas depois, com todos gelados, mal-humorados e famintos. Coisas dos primórdios da TV e da produção de comerciais dos anos cinquenta...

"Sobre a revisão e uma nova crônica"

O irmão Moisés reclamou que meus textos passam com alguns erros ortográficos. E ele tem razão, porque eu escrevo e depois leio, para tirar as mancadas mas, ainda não aprendi a mexer no texto depois de lançado. É isso! Mas juro que vou aprender e revisar antes de lançar. Ok?
Vamos à crônica de hoje...
"A barbearia da Record e seus personagens"
A Record do Aeroporto tinha uma barbearia interna que era o ponto de encontro dos artistas das Emissoras Unidas - Rádio Record, Panamericana e São Paulo e da TV Record, além de artistas de outras emissoras, que vinham até ela sei lá porque razões, talvez para trabalhar na emissora, líder na época ou mesmo para rever amigos ou, sei lá, porque a barbearia seria de boa qualidade - além de ser o local ideal para as fofocas, comentários profissionais e esportivos da época.
Lá, aos sábados, pela manhã, que era quando papai ia se barbear, e me levava para cortar o cabelo, você podia encontrar todos os destaques da programação da TV e conhecer aqueles das emissoras de rádio, que raramente apareciam na telinha preto e branco da TV. Velhos barbeiros e seus instrumentos de trabalho: lâminas tipo canivete, picéis ensaboados em seus potes de louça brancos, toalhas ferventes retiradas de um globo metálico, faziam o encantamento de um garoto de seis, sete anos de idade. Foi lá que conheci Lima Duarte, Fiori Gigliotti, o eterno locutor esportivo dos anos cinquenta e sessenta, Canarinho, o pequeno comediante da Praça da Alegria,
Ênio Rocha, Blota Jr., o "Barão", Wilson Fittipaldi, comentarista da Panamericana e pai de Emerson e Wilsinho, Sílvio Luiz, entre muitos outros artistas que eu, jovem fã, ouvia pelo rádio ou assistia pela televisão. E todos sempre descontraídos, falando alto e fazendo muita fofoca, gozações e comentários. Completamente diferente de seus papéis sérios e compenetrados na frente de câmeras e microfones. Eram momentos mágicos de contato pessoal, íntimo, de puro deleite, para alguém que, como eu, passava horas com o ouvido colado ao rádio ou sentado em frente à telinha mágica.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

"Sobre o meu debut como ator"

Papai foi o mentor da comunicação das Cestas de Natal Amaral, um sucesso na década de cinquenta e sessenta aqui em São Paulo. Hoje, logo cedo, estava ouvindo na Jovem Pan o quadro sobre propaganda, quando o apresentador colocou no ar spot das cestas, dos anos cinquenta. E eu viajei no tempo, lembrando quando a agência de papai lançou o Gigante Amaral. Um personagem criado pelos publicitários da agência para vender mais e mais cestas. E eu, com meus dez anos, fui designado por ele para ser o garoto que descobre o gigante, abrindo a "famosa" garafa na praia em comercial para a TV, no caso numa quinta-feira de tempo fechado, na praia de Santos. Uma alegria! além do cachê, que daria para comprar inúmeros pacotes de figurinhas e muitos doces na cantina da escola, matar um dia de aula, e com ordem de papai, era um sonho que se tornava realidade! Descemos, papai, eu, o gigante (o ator Serber), o cinegrafista e seu ajudante. Passamos o dia na praia, bem em frente do nosso apartamento na divisa entre Santos e São Vicente, com muito frio, e eu fiz, precocemente, meu debut como ator, correndo na praia, achando a garrafa e abrindo-a, para que dela saísse o nosso tão querido e saudoso gigante, que depois se transformaria em boneco de plástico maleável, sonho de consumo da garotada da época...

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Estou aguardando vocês...

E aí amigos! Rafa, Pedro, Carlos, Thais, quando vamos ter suas colaborações? É a pergunta que não quer calar...Vamos fazer juntos um blog rico e cheio de conteúdo. Waldemar

"O desligado Adoniran Barbosa"

Manhã de sábado ensolarada na região da Record, próximo do Aeroporto de Congonhas, São Paulo. Anos sessenta, Papai foi à Record e eu junto. Ele iria gravar algo para a Rádio São Paulo, que na época se acomodava no mesmo prédio, junto com a TV e as demais emissoras das Unidas, como se falava. Eu tinha lá meus dez, onze anos. Em frente à porta da emissora, havia um bar onde os funcionários e artistas se reuniam. Calor, papai foi tomar seu cafezinho e eu um refrigerante. Enquanto estávamos lá, chega o "Charutinho", Adoniram Barbosa, que na época fazia esse papela na rádio Record. O grande Adoniran, de Saudosa Maloca, Trem das Onze, Arnesto e tudo o mais. Depois dos cumprimentos de praxe, dos elogios mútuos, Charutinho, querendo ser gentil, me oferece candidamente; "E aí, garoto, vai uma pinguinha?". Ao que papai retruca, Adoniran, você ficou maluco? Ele tem apenas dez anos! Constrangimento geral. Foi assim que conheci o maior artista popular dessa nossa cidade...

terça-feira, 14 de julho de 2009

"Ninguém é perfeito"

Erros acontecem. Claro, afinal todos somos humanos. Inclusive o galã. Papai não ensaiava. Porque antigamente os radiatores se reuniam, e liam seus papéis, sob os olhos críticos de um diretor artístico. Mas como papai era o diretor geral - artístico e comercial, geralmente chegava em cima da hora para participar do capítulo, como descrevi em outra crônica. E os capítulos iam para o ar ao vivo, como tudo o que era feito na época.
Agora, dois erros por falta de ensaio, contados para mim pelo próprio Ciglioni, e que não esqueci.
O primeiro foi numa novela de época, de piratas, mais especificamente. E ocorreu quando o navio dos corsários aborda outro navio, após ter vencido a batalha. Papai, que era o chefe dos corsários, proclama em alto e bom som: "Tragam os papéis e o caminhão!" , ao invés de o capitão. E isso em pleno século XVI ou XVII, sei lá. Foi um silêncio geral dentro do estúdio.
O outro aconteceu quando ele deveria entrar na casa carregando sua esposa, logo após a cerimônia, assobiando alegremente a marcha nupcial, de acordo com o script. Mas ouvido para a música nunca foi o seu forte e ele entrou assobiando com todo o empenho o "Parabéns a Você", que foi o que lhe veio à mente naquele momento. Imagine só a cara de espanto e surpresa dos colegas de microfone...

Sobre o Dia do Amigo

Há pelo menos dez anos, venho falando de uma data comemorativa que poderia ser usada para vender mais: é o dia do amigo, que é o dia 20 de julho. Alguns anunciantes e fabricantes tentaram, se não me engano pessoal de biscoitos, mas só agora a Skol vem usando a data para alavancar suas vendas. Eu ainda acho que a data poderia se transformar em um dia dos pais, mães, sei lá. Acho que amigos são tão ou mais fortes que avós, parentes em geral. E então, empresas como shoppings, lojas de roupas, presentes, etc. Quem se habilita

"Mais uma da antiga Dois Pontos"

Um dia, chega o Ivan (o Ivan Siqueira da Varig e dono da agência) e diz: precisamos ajudar o orfanato Nossa Senhora Aparecida!. E olhou pra mim. E o que era o orfanato? perguntei. Era de quarenta e poucas meninas, que freiras mantinham a muito custo na Mooca. E que estavam sendo despejadas. Era época de Natal e eu comecei a dar tratos à bola para resolver a encrenca. Aí veio o tal insight, a luz. Por que não criar um cartão de Natal da agência com o objetivo de ajudá-las? E como fazer para que isso desse resultado? Pensei, pensei e criei um cartão interativo, e isso nos anos setenta, quando nem internet ou computador tínhamos. Bolei o seguinte: usaríamos a história do sapatinho e da Gata Borralheira e mandaríamos um pé de Conga (o tênis infantil mais vendido na época), para cada menina, apelando e dizendo que se ele (fornecedor, amigo ou cliente da agência), não levasse o pezinho do Conga até elas, ela, a criança adotada na peça, entraria o ano sem o par, pois o outro pé de Conga seria levado por outro amigo.
Então, foi assim: entrei em contato com a Alpargatas, que me cedeu 900 pares de Conga azul (naqueles tempos só tinha essa cor, lembra?). Mandamos uma caixa de papelão com o pé colado em um cartão e o texto: Neste Natal, seja o príncipe encantado de uma linda gata borralheira! e o pezinho colado. Resumindo: todos os quinhentos amigos foram, levaram o pezinho e as crianças ganharam muitos presentes, brinquedos, roupas, etc. Além de padrinhos para sempre. E o Lar, que estava ocupando um terreno doado na zona sul com um galpão de madeira, começou a receber muitos, mas muitos donativos, na forma de material de construção para levantar sua nova sede. E pra Dois Pontos, o que sobrou? Mais um Prêmio Colunistas, graças ao papai aqui. Deu tão certo que o Ivan - sempre o Ivan - pediu pra repetir a dose no ano seguinte. Mas essa é uma outra história que fica para uma próxima vez...

"SALVE AMIGO PEDRO"

E o Pedro já está dentro! e não é um pedro qualquer, não! É o Pedro Luiz Cipolla, amigo antigo, das paqueras, do piano de mestre e agora, do cirurgião-plástico e poeta! É mole? Seja bem-vindo e participe. Vamos matar essa saudades que mata a gente. Escreva, participe e, se possível, venha me visitar aqui em sampa...Beijos do Waldemar

segunda-feira, 13 de julho de 2009

"A História do Sabão em Barra..."

Agora vou contar uma história antiga, sobre a minha vocação profissional.
Quando entrei na minha primeira agência de propaganda, como profissional. Porque antes já havia estado em pelo menos duas, mas ambas de papai, e eu apenas como filho do dono. A primeira, profissionalmente, foi a antiga e extinta Dois Pontos, de Carlos Ivan Siqueira e Délcio Pereira, além do José Carlos Diniz, grande cara. Bom, logo nos meus primeiros momentos de agência, que na época se apoiava em dois clientes: a antiga Varig, onde Ivan cuidava de toda a comunicação e a Pullman, a pioneira do pão de forma no Brasil, do seu Manoel, padeiro de visão que transformou essa atividade no país graças à sua visão e modernidade (ele foi o responsável pela vinda do pão de forma, dos bolinhos recheados, etc.). mas a história é a seguinte: nos meses de verão, os produtos como os bolos e bolinhos recheados, considerados "quentes", perdem suas vendas. Caem até 20, 25% no seu consumo, em detrimento dos sorvetes, por exemplo. Seu Manoel, grande comerciante, queria algo que alavancasse a venda de seus bolos, como o Califórnia, por exemplo e sobrou para mim, redator e criativo da agência, pensar em algo. E é como eu digo: nada melhor do que a memória, que é o nosso arquivo pessoal, para resolver os problemas criativos. O repertório, que é como eu digo em minhas aulas. E foi esse repertório que me fez lembrar de que, quando criança, brincando, peguei um sabão em barra da lavanderia, de cor rosa, lembro bem, e colocando-o contra luz percebi um objeto dentro dele, dentro de sua massa. Com uma faca afiada (essas crianças!), cortei-o no meio e descobri uma cápsula de plástico, tipo ampola. Abri, e qual a minha surpresa! Dentro dela havia um papel impresso com o texto "vale um ferro elétrico". Uma promoção empírica, em plenos anos cinquenta, de algum fabricante mais ousado e moderno, porém sem qualquer noção de marketing, pois nada havia circulado nos meiso de comunicação sobre a ação promocional. Pronto! Aí estava o lance! Um vale-brinde nos produtos, na massa dos produtos Pullman! Dito e feito: Cortou, Achou, Ganhou! da Pullman alavancou em mais de 45% as vendas dos produtos quentes e levou, de lambuja, um Prêmio Colunistas para a agência. Um golaço do meu repertório, de minha intuição promocional. Mas essa história de criatividade teve seus desdobramentos, com Armando Marques e muito mais, que eu reservo para uma nova oportunidade. Ah, faltou dizer o ano: 1976. E faltou dizer que logo depois, alguns dias depois, a Nestlé saiu com a mesma ação no seu famoso Nescau (vale-brinde dentro do pó). Mas quem começou fui eu, podem acreditar...

Para o amigo Carlos...

Acabei de falar por telefone com o Carlos. Para quem não sabe, o Carlos é o Carlos Eduardo, mestre como eu, que fez comigo, durante dois anos e meio, um programa pela ALLTV, uma emissora via internet (tempos modernos!). Ele criticou minha crônica sobre a manga de paletó. Tudo bem, minhas crônicas são memórias, e não necessariamente engraçadas ou com finais surpreendentes. Elas são, simplesmente, memórias, lembranças, que um dia farão parte de um trabalho maior, de fôlego, sobre o rádio paulista nos anos cinquenta e sessenta e de papai, um galã às antigas, que já não se fabrica mais e que já se foi...Não pretendo impressionar, mas emocionar. E se conseguir isso, me darei por satisfeito. Escrevam, comentem, critiquem. Isso é o que desejo despertar em meus amigos. Forte abraço do Waldemar, o Junior.

"AS VANTAGENS DA FAMA"

Esta pequena crônica inicia as postagens da semana...

Geralmente papai chegava em cima da hora para participar de cada capítulo. Como diretor-geral da emissora, e galã consagrado, era o maior vendedor de espaços comerciais da São Paulo e havia conquistado esse direito, além de ser guindado a diretor artístico e comercial da emissora pelo Marechal (o proprietário da emissora, Dr. Paulo Machado de Carvalho).
Muitas vezes corríamos feito loucos pelos corredores do segundo andar da velha casa da Angélica, e depois do enorme prédio da Av. Miruna, onde ficava também a rádio Record, a Panamericana e a TV, lá no Aeroporto, onde hoje fica - se não me engano - a Rede Mulher. Foi para lá, na década de sessenta, que a rede Emissoras Unidas havia se transferido no início da década de sessenta. E essa correria era acompanhada pelos gritos dos colegas de trabalho, incentivando o "chefe" a chegar a tempo no estúdio, antes da luz vermelha acender.
E mesmo assim, meio sem fôlego, Ciglioni acabava sendo o destaque do "cast" (grupo de intérpretes do capítulo), graças à sua interpretação sempre segura, emocionada e emocionante, que arrancava parabéns de todos os colegas (seria puxasaquismo? Acredito que não)...

sábado, 11 de julho de 2009

"Meu Inesquecível Amor"

Noites de quarta-feira, década de sessenta. O programa Cartas de Amor limitava-se a uma apresentação por semana, na Rádio São Paulo. Nessas noites eu acompanhava papai à emissora, e ficava no carro por meia-hora, das nove às nove e meia, lá na avenida Angélica, como já falei em outras crônicas. E exatamente às nove da noite, começava uma das coqueluches da programação noturna do rádio paulista, dos anos sessenta, apesar da concorrência da televisão. Nesse horário ia para o ar o programa Cartas de Amor, com texto de Fred Jorge (o já falecido Fuad Jabur, versionista e redator de respeito, responsável por todas as versões das músicas americanas de Roberto Carlos e Cely Campello, entre outros grandes intérpretes) e interpretação romântica de Walde Ciglioni. Eu ficava no banco dianteiro do belo e espaçoso Studebaker gelo, absolutamente seguro durante aquela mei-hora. Afinal, os tempos eram outros e talvez os ladrões também estavam ouvindo as Cartas, sei lá. E aí eu ligava o rádio do carrão, a válvulas, para ouvir papai dizer, depois da introdução musical do programa, com a inesquecível e consagrada canção Love Letters, dizendo, romanticamente:"meu amor, meu inesquecível amor". E eu sabia, já naquela época, que milhares de mulheres, casadas ou não, por toda a cidade, estariam suspirando, emocionadas...

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Uma nova crônica. Espero que vcs gostem e comentem...
"As salas mágicas"
Era impressionante como as novelas eram feitas e iam para o ar, nos idos dos anos cinquenta
(agora sem trema).
O estúdio era uma sala enorme, da já velha casa da avenida Angélica. Pé direito altísssimo. Na entrada da sala, uma caixa de madeira continha os scripts, rodados em papel grosso e mimeógrafo, naquele azul lavado, poucos minutos antes de a novela ir para o ar, ainda úmidos, em papel jornal amarelado.
No meio da sala, alguns microfones enormes, em pedestais também enormes e outros, para os figurantes, dependurados do teto em fios comuns. Em toda a volta da sala, encostados nas paredes, bancos de madeira rústica, para os atores sentarem. Conforto, mordomia? Nenhuma. Uma lâmpada vermelha sobre a porta acendia, quando o locutor terminava de ler os comerciais, na sala em frente, atrás do aquário (vidro de isolamento acústico), que reunia locutor e sonoplasta. O contra-regra, esse verdadeiro gênio dos efeitos especiais, esse vai merecer de mim um capítulo todo especial, aguardem. O sonoplasta era o responsável pela emoção da chamada música incidental, que era a música que marcava as passagens de emoção do capítulo. Standars de sucessos do cinema, orquestradas, cheias de violinos. Ao acender a luz vermelha dentro do estúdio, indica-se que a novela estaria inciando o capítuo em poucos segundos. Silêncio total no estúdio, cessavam as conversas. Fim das brincadeiras e começa o trabalho sério, profssional, emocionante...
Era assim que funcionava, ao vivo, a radionovela dos anos de ouro. Em próximas crônicas, outros aspectos dessa arte quase perdida, que guardo viva na memória.
Abraços aos amigos blogueiros. Waldemar

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Obrigado à minha filha, Thais, pelo acesso, mas acho que parente não vale....rsrsrsrs. Waldemar
Salve amigos! Saudações corinthianas para o Rafa e o Moisés, meus primeiros blogueiros seguidores. falem, discutam, vamos fazer deste blog um local de opiniões e idéias! abraço do Wawá...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

"Quando a fama custava uma manga de paletó"

Aqui vai a primeira crônica do futuro book sobre a radionovela paulista e papai, o saudoso Waldemar Ciglioni. Espero que gostem...

Minhas memórias sobre papai e sua fama começam quando eu tinha seis ou sete anos. O local, a Rádio São Paulo, das Emissoras Unidas de Paulo Machado de Carvalho, na Angélica com Veiga Filho, pertinho da casa do Marechal da Vitória.
Tarde de sábado, que era quando eu podia acompanhá-lo sem perder as aulas. Mamãe e eu aguardávamos nas escadas da emissora, que era um enorme casarão com escadas de mármore e corrimãos de ferro batido, e os funcionários da rádio preparavam um "forte" esquema de segurança para a saída do galã, sem que fosse esmagado pelas fãs, que a essa altura se apinhavam na calçada e já haviam invadido os bem cuidados jardins da casa.
Todo o esquema pronto, o Studebaker gelo de papai chega, quase subindo nos degraus da casa. Eu, papai e mamãe nos jogamos degraus abaixo e mergulhamos nos bancos do carro.
Resultado do bem planejado esquema de saída: todos sãos e salvos e uma manga de paletó perdida, arrancada por uma fã mais ousada...

Essa foi a primeira crônica. Podem criticar, aprovar ou desaprovar. Só não podem dizer que é mentira, pois eu estava lá!
Forte abraço do Waldemar Ciglioni (o Junior).
Até a próxima!